domingo, 29 de janeiro de 2006

Esteve a Nevar em Oeiras!



Hoje foi um dia muito especial. Nevou (e bem) mesmo aqui na nossa casa (e arredores, que eu não sou egoísta). Só que para desilusão de muitos, não pegou no chão. De qualquer modo já valeu pelo espectáculo de 10 minutos que gerou.
Segundo contam (já que eu ainda não era nascida), a última vez que nevou por estes lados (Oeiras), foi há mais de 50 anos... se o ciclo se repetir, existe uma grande probabilidade de para a próxima vez já não estar cá.
Claro que registei o momento com algumas fotografias e um pequeno filme, feitos a partir do telemóvel da minha filha. E, como não podia deixar de ser, cá em casa, vestimos os casacos, pusemos carapuços e cachecois, e lá fomos nós para a rua brincar um bocadinho.
Ao menos que estas alterações climatéricas (mais um sintoma desta nossa sociedade contemporânea) tenham algum aspecto positivo...

Cliquem na foto para verem melhor

sábado, 28 de janeiro de 2006

Primavera Verão Outono Inverno


Mesmo com dois anos de atraso, não posso deixar de referenciar este filme. Quem não viu, aconselho vivamente a que o veja. Quem o viu, que o torne a ver mais uma vez. A leitura nunca será a mesma.
Só hoje tive a oportunidade de lhe pôr o olho em cima. Era daqueles que estava na minha lista de "a não perder!"
Aqui pode aplicar-se facilmente a célebre frase - mais vale tarde do que nunca.
Já agora, deitem uma espreitadela ao link por baixo da foto.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

"Habemus" Presidente

Por gosto ou contra gosto, já temos novo Presidente da República.
Embora tivesse prometido escrever na segunda feira, não cumpri (estou a aprender com alguns políticos). Falta de tempo, muitos compromissos profissionais, entre outras coisas (isto é verdade, não é pura demagogia). E hoje também não tenho muito (tempo, claro), por isso estou aqui a "encher chouriços". Escrever um texto com algum conteúdo exige algum tempo e disponibilidade.
As minhas considerações sobre o novo Presidente, ficam para a próxima (talvez neste fim de semana que se aproxima eu consiga).
Deixo aqui algumas sugestões culturais a não perder, para Sábado e Domingo próximos:
- A exposição no museu do Chiado sobre o Fauvismo
- A peça "Todos os que caem" de Samuel Becket, no teatro da Comuna
- Na área da Ciência, "Venha descobrir a Ciência", dia aberto a todos, no Instituto de Tecnologia Quimica e Biologia em Oeiras.
Passaram os meus 10 minutos de tempo de antena.
Volto assim que conseguir.

domingo, 22 de janeiro de 2006

As eleições - antevisão

Hoje é tarde de eleições. O dia em que os portugueses (ou parte deles) vão decidir qual vai ser o nosso Presidente.
Eu estou em pulgas para ver logo os resultados, mas tenho notado que grande parte das pessoas está-se "nas tintas" (desculpem a expressão) para o assunto. A ver pela afluência às urnas do local onde eu costumo votar, e comparando com as últimas legislativas (não é de maneira nenhuma uma sondagem de fiar, é apenas uma impressão), acho que a percentagem de abstenção irá aumentar significativamente.
A juntar a isto, o que me impressionou enormemente foi o facto de esta semana que passou, no meu local de trabalho, nunca, nem por uma vez, se ter falado das presidenciais. Foi como se tal assunto nem existisse. É ao mesmo tempo interessante (pelo menos do ponto de vista sociológico) e assustador.
Sem revelar as minhas opções políticas (hoje já não me é permido fazer campanha), gostava que houvesse uma segunda volta destas eleições. Para bom entendedor, meia palavra basta!
Amanhã há mais. Agora vou estar atenta ao desenvolvimento da "coisa" e atenta ao que se vai dizendo nas várias televisões.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Carta aberta de um médico ao Primeiro Ministro

A carta é longa, mas vale a pena ser lida.
Penso que muitos de nós se podem ver revistos nela, médicos ou não...

Carta-aberta ao Primeiro-Ministro
Artigo do Dr. Luís Canavarro*

Senhor Primeiro-Ministro Excelência Escrevo na qualidade de médico das carreiras hospitalares e faço-o numa publicação profissional por julgar que o assunto é do interesse de todos os meus colegas. Dirijo-me ao Estado, entidade abstracta, meu empregador, que V.ª Ex.ª, por força das últimas eleições, legítima e indiscutivelmente representa. E, desde já, asseguro que não me move qualquer intuito político. Debalde poderá V.ª Ex.ª buscar qualquer filiação partidária, que não tenho, nunca tive e julgo nunca terei. Tampouco achará V.ª Ex.ª no meu curriculum atitudes de reivindicação, de reclamação ou de contestação, fora do mais estrito âmbito laboral. Esta carta é tão-somente um pedido de decência nas relações de trabalho com a minha entidade patronal, ditada pelo frustrar do que cuidava serem as mais legítimas expectativas. Quando há mais de um quarto de século aceitei começar a trabalhar para o Estado, fi-lo na convicção de que era uma entidade recta e íntegra ou, como em linguagem vulgar se diz, uma pessoa de bem. Não o é, como ao longo dos anos vim constatando: O Estado é um gestor ruinoso do bem comum, que todos pagamos. As contas públicas não deixam margem para dúvidas. O Estado é caloteiro, paga pouco, tarde e mal mas, reciprocamente, é o mais temível dos credores. Basta ver como nega o princípio da compensação. O Estado é iníquo e corrupto. Confirme-se, a cada nova ronda de eleições, o baile de apaniguados a ocupar furiosamente os lugares públicos, sem concurso, sem justificação e, pior que tudo, sem competência. De tal situação, deu V.ª Ex.ª o mais despudorado exemplo. O Estado denega a Justiça. Ao recusar criar condições para uma laboração rápida e exemplar dos tribunais, ao legislar diplomas dúbios, efémeros, se não contraditórios, perpetua-se o primado do acordo de circunstância ou do acto administrativo sobre o que devia ser Justiça, límpida e rigorosa. Mas, ainda que tenha criado do Estado uma tão má imagem, nunca julguei que se pudesse chegar a violar princípios fundamentais do Direito, como o da não retroactividade das leis. Princípios que fazem parte dos direitos, liberdades e garantias universais de cujo reconhecimento Portugal é signatário. Ao que parece pouco convicto. Declarou V.ª Ex.ª publicamente a suspensão da progressão nas carreiras e o aumento da idade da reforma. A menos que se trate de mais uma afirmação para não cumprir, a que V.ª Ex.ª nos vai habituando, tal representa, pura e simplesmente, legislar com efeitos retroactivos à data de início do contrato de trabalho - 26 anos, no meu caso. Ora, quando me vinculei à Função Pública, foi-me asseverado que teria o meu direito à reforma aos 60 anos e à progressão na carreira conforme prevista nos regulamentos aplicáveis. Os descontos a que fui sujeito ao longo destes anos a favor da segurança social não são mais um imposto, mas sim uma quantia que é minha e que confiei ao Estado para que a guardasse, investisse e finalmente provesse à minha reforma, segundo os termos acordados. Nas recentes medidas económicas de excepção, sacrificou V.ª Ex.ª, uma vez mais, aqueles que pagam, sempre o fizeram e assim continuam. Quanto à oligarquia de riqueza ostensiva, na qual se inclui a classe política, continua arrogante, impune... e não tributada. No outro extremo, marginais que nunca trabalharam são encorajados a jamais o fazerem, mediante subsídios da Segurança Social, numa pedagogia leviana e suicidária, conquanto que eleitoralmente muito rentável. Não sendo político não necessito de ser politicamente correcto. V.ª Ex.ª sabe, por demais, a quem maioritariamente são entregues os subsídios da Segurança Social: àqueles grupos étnicos que, justamente, perfazem o grosso da nossa população prisional. Assim, in limine, o subsídio é, na realidade, um suborno pago aos marginais para os manter controlados. Dada a maneira como V.ª Ex.ª trata as polícias e a magistratura faz todo o sentido. É mesmo muito inteligente e pragmático. Não sei é se será ético mas, olhando em redor, essa é uma palavra em desuso. Ora o certo é que a Segurança Social não vive das contribuições dos políticos, - reformados ao fim de oito exaustivos anos de trabalho. Vive das nossas. E V.ª Ex.ª, ao alterar, de forma unilateral e, repito, retroactiva, o contrato que me ligava ao Estado, denunciou esse contrato. V.ª Ex.ª decerto concordará que, se não fosse o Estado mas uma pessoa individual a praticar estes actos, tal teria um nome pejorativo e uma sanção penal. Assim como se se tratasse de uma empresa ou qualquer outra entidade patronal haveria, indiscutivelmente, lugar a uma indemnização por quebra de contrato. Pelo que, reportando-me aos princípios de equidade que seria suposto regerem o país, peço em meu nome, e dos médicos das carreiras públicas, igualdade de tratamento com os senhores deputados da nação, naquilo que V.ª Ex.ª muito bem definiu como «justas expectativas».
Respeitosamente. Coimbra, 28 de Junho de 2005
* Assistente Hospitalar Graduado de Psiquiatria nos HUC

sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

O Poder da Arte

Ontem fui à inauguração da exposição O Poder da Arte, na Assembleia da Républica. Curiosamente, o verdadeiro poder da Arte, não estava na Arte em si, mas em tudo o que a rodeava. Gostei do trocadilho! Aposto que os Senhores (com S grande) de Serralves quando deram o titulo à exposição nem se lembraram disso.
O Poder dos Euros que circulavam entre nós, dissimulados nos fatos de veludo preto dos homens e nos casacos de vison das senhoras. O pretenso Poder que alguns insistem em ter sobre outros que supostamente se subjugam num jogo de interesses sem igual. O Poder da hipocrisia daqueles sorrisos branqueados a laser, que nada têm de cordeal. O poder dos seguranças do Presidente, ao encostarem uma multidão perfeitamente inofensiva à parede, sem pudores. O Poder da Comunicação Social sobre a classe Política presente e sobre todos aqueles párias que vivem dela. Até mesmo, o Poder dos empregados que serviram o beberete, ao discriminarem quem serviam primeiro, levantando por vezes as bandejas por cima das cabeças dos convidados.
Gostei de algumas obras, de outras não, mas mais uma vez, apreciei bastante o circo que se levantou à volta do evento. O Poder da Arte foi só um pretexto, e o que menos contou para muitos dos presentes.
E por aqui me fico, já que hoje o Poder da gripe me apanhou desprevenida e me derrubou com um só sopro. Vou aconchegar-me na minha caminha, entupida de remédios, a ver o filme O milagre segundo Salomé.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

A Segurança Social do nosso País

Hoje vi, por um acaso, uma rubrica na Sic, naquilo que posteriormente me dissseram ser o novo progama da Fátima Lopes, e a qual eu gostei muito, sobre uma "criança" deficiente profunda de 35 anos, que vivia em condições sub-humanas (os porcos nas pocilgas, vivem melhor), lá para os lados do Norte profundo do nosso Portugal.
Fiquei literalmente em estado de choque. Não só com o que vi, mas sobretudo com a máquina burocrática, incompetente e insensível que é a nossa Segurança Social!
Tenho pena que aquela reportagem, e a conversa que se seguiu com uma Dra. da Segurança Social de Braga, cujo nome não me lembro e ainda bem, não venha a passar num horário nobre do mesmo canal. Foi uma coisa completamente surreal! Só visto, porque contado ninguém acredita. Dizer, para uma audiência que apesar da hora (almoço) ainda deve ser consideravel, que tinham conhecimento do caso mas que a segurança social não tem capacidade para estar sempre a actualizar os seus dados e por isso não se teriam apercebido da gravidade da situação (!?!), é no minímo bizarro. Graças a Deus que ainda existem pessoas com neurónios e a frontalidade suficiente (refiro-me à Fátima Lopes) para lhe perguntar se demorariam 35 anos a actualizar-se (e sim, leram bem, trinta e cinco anos)...
Não vou estar aqui a transcrever o resto da história, mas a linha foi a mesma até ao fim.
A única coisa boa nisto tudo, é que a história acabou bem. Enfim, dentro dos possíveis, pois o rapaz lá foi encaminhado para um lar especializado (longissimo da família), onde poderá passar o resto dos seus dias com a dignidade que merece.
Quantos rapazes destes têm que vir a luz, quantas "Vanessas", ou "Danieis", ou mesmo bebés de 50 dias têm que acontecer, para que o nosso governo veja (com olhos de ver) que a nossa segurança social entrou em falência laboral (mais cedo do que a outra económica, que se prevê para breve também), e que é preciso tomar medidas urgentes, reestruturar, inovar, inventar se preciso for, para que as coisas comecem a funcionar de uma vez por todas?